Aqui estou novamente com mais uma resenha, depois de algum tempo sem dar as caras.
Bem, postei esse texto originalmente no Skoob, então, basicamente copiei e colei aqui
Confesso que fiquei surpresa com o tamanho da resenha, mas foi algo que eu não pude controlar. E também acho que o correto seeria resenhar os outros dois livros anteriores antes, mas como estou usando o blog com mais intensidade agora, preferi postar a resenha do terceiro livro primeiro (até porque ela já estava pronta e também porque a ordem não altera os produtos. Na realidade até altera, mas...).
Ah, e antes de iniciar gostaria de dizer que sou bem tiete do Eduardo Spohr. Acho que ele é um exemplo bem palpável de o quanto a literatura brasileira pode obter sucesso e reconhecimento... Mesmo que o seu primeiro livro, "A Batalha do Apocalipse" não tenha sido TÃO bem escrito assim. Bom, sem mais enrolações, aqui está a resenha:
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| "Nenhum futuro é certo e nenhuma trajetória está determinada" |
Paraíso Perdido é o terceiro e último livro da série Filhos do Éden, que venho acompanhando desde 2011. Gostaria de dizer, primeiramente, que este foi um dos livros pelos quais esperei mais ansiosamente para ler, não apenas pela ideia de ser o final da saga que acompanho há tanto tempo, mas também porque sempre que leio algum livro do Eduardo, acabo embarcando em uma verdadeira aventura, em uma experiência única. E eu estava querendo sentir essa sensação novamente. Bem, com esse livro, eu a senti, mas com muito mais intensidade do que esperava.
O livro é centrado na luta pela derrota de Metatron, o Primeiro anjo, e é dividido em três partes bastante distintas, mas que desembocam em um ponto comum. Acho melhor falar sobre cada uma separadamente, contudo, não irei me aprofundar muito, por causa dos spoilers...
A primeira parte se passa no reino de Asgard (sim, a terra de Odin, Thor, Valquírias!), Kaira e Urakin acabam chegando lá ao caírem nas águas do rio Oceanus e, para a surpresa dos dois, encontram Denyel como sendo um capitão dos deuses da guerra.
Porém, Asgard não está em seus melhores dias. Com a captura do deus Heimdall, Bifrost não pode ser utilizada. Assim, a única forma de sair seria resgatar Heimdall e derrotar Thrymir, líder dos gigantes de gelo, inimigo dos deuses. Dessa forma, os anjos acabam se responsabilizando por essa nova missão, o que rendeu batalhas emocionantes, “puramente nórdicas” e muito bem escritas, aliás.
Confesso que fiquei bastante surpresa com a forma que o Eduardo “uniu” esse mundo nórdico (que eu particularmente curto muito, deve ser por influência do Sr. Tolkien) ao seu universo (e também imagino o tanto de pesquisas que ele deve ter feito, rs). Nunca pensei que fosse ficar algo tão legal, realmente com sentido, e isso só deixou ainda mais claro o quanto o Spohrverso é rico e pode se expandir.
A segunda parte, para a minha alegria (e para a de muitos, imagino) se passa antes do Dilúvio, ainda nos tempos de Enoque e Atlântida, esta última governada por Orion. É narrada a saga de Ablon e Ishtar, que devem derrotar os sentinelas e capturar Metatron, seguindo a ordem de Miguel.
Ablon é um dos meus personagens favoritos, e confesso que senti uma grande nostalgia em “reencontrá-lo” e vê-lo em ação, mesmo que este Ablon retratado nessa parte seja MUITO diferente daquele general, daquele herói apresentado em ''A Batalha do Apocalipse''. Na realidade, nos deparamos com um personagem completamente fiel aos arcanjos, ingênuo, e, de certa forma, imaturo. Ou seja, como o próprio Metatron diz, no momento ele era apenas um soldado, não um herói.
Ishtar, uma personagem que não havia chamado a minha atenção até este livro, foi bem explorada, principalmente em relação ao que ela sentia por Ablon, um sentimento que salvou a ambos, literalmente.
A Terceira parte é uma convergência entre a segunda e a primeira. É onde ocorre, finalmente, o desfecho, que antecede os acontecimentos do Apocalipse. Creio que depois da leitura de Paraíso Perdido, A Batalha do Apocalipse passa a ser visto com outros olhos, pois foram excelentes as conexões entre os dois livros, desde nomes de personagens à ações dos mesmos, que resultarão no Armageddon.
Bom, assim como as partes anteriores, a terceira possui um ritmo acelerado e até mesmo viciante. Estava tão desesperada pelo final que a devorei em um dia! Grandes revelações são feitas, principalmente sobre Kaira, Denyel, os sentinelas e também sobre os planos de Metatron (que são um tanto controversos, afinal, ele quer preservar os humanos tirando deles um bem precioso. Na verdade, Metatron é um personagem 'complicado', porque mesmo que tivesse boas intenções, seus planos não deixam de ser uma barbaridade).
Alianças improváveis se formam e inimigos inesperados revelam-se. O amor entre Denyel e Kaira fica cada vez mais claro, mais real, sendo capaz até mesmo de ser a grande chave para a derrota dos inimigos. Já em relação ao Ablon, é narrado como ele conseguiu capturar Metatron (com um duelo de tirar o fôlego).
Assim, finalmente nos despedimos dessa história e desses personagens tão queridos (impossível não se identificar com eles...), confesso que até com lágrimas nos olhos. Ah, e com um brinde especial à Batalha ocorrida no Hades, que é mais uma prova do quanto o Spohrverso pode se tornar gigante, dessa vez com a “entrada” de deuses gregos.
Enfim, é notável, desde A Batalha do Apocalipse, o crescimento do autor em vários aspectos. Mas, em Paraíso Perdido, ele realmente passou por uma evolução gritante. A narrativa tornou-se mais madura, dinâmica, e ao mesmo tempo simples, acessível e bastante agradável. Apenas um ponto me incomodou um pouco: Alguns diálogos, principalmente os da primeira parte, pareciam mecânicos, sem muita “emoção”, mas nada que afetasse a narrativa.
Spohr demonstrou um verdadeiro dom ao descrever cenas de ação, principalmente as de combate, que me fizeram sentir envolvida por uma “bolha”, consegui visualizar tudo na mente, cada movimento, cada grito, cada golpe, cada gota de suor. Meu coração disparou. Fiquei alheia ao mundo lá fora. Outro ponto positivo foi em relação às personagens femininas, que tiveram uma grande importância e uma participação constante ao longo de toda a obra. Elas demonstraram ser tão poderosas e capazes quanto os homens.
Também me senti feliz ao reencontrar personagens que já haviam me conquistado em livros anteriores, principalmente os arcanjos. Cada um deles, ao seu modo, teve um papel que, de uma forma ou outra, mudou o sentido do universo. Ah, e os novos personagens também me conquistaram, e muito!
Bom, para finalizar, há algo interessante que notei, pois, além de nos trazer uma história cheia de ação e aventura, creio que o autor também quis despertar nos leitores uma certa reflexão: o poder que nós possuímos. Somos humanos, não temos ''aqueles'' poderes, não erguemos espadas mágicas, mas temos o livre arbítrio, temos batalhas diárias, e podemos vencê-las, não apenas como soldados, mas como heróis. Com a nossa capacidade, com amor e amizade, podemos mudar o mundo. Mas, com essa “liberdade”, também podemos destruí-lo. E é isso o que é posto em jogo. A preservação da vida, do mundo, está em nossas mãos.
“O mundo não precisa de soldados. O mundo precisa de heróis.”
Para acessar essa e outras resenhas no Skoob, aqui.
Capa: *****
Personagens: *****
Enredo: *****
5 de 5! Recomendadíssimo.
P.S: Se você se sentiu interessado(a) pela saga Filhos do Éden, leia "Herdeiros de Atlântida'', o primeiro da série. Porém, se você ainda não leu "A Batalha do Apocalipse", é melhor lê-lo primeiro e só depois se dirigir a Filhos do Éden.
P.S 2: Que coisa! Ficou gigante mesmo!
Até a próxima.

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